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VITAMINA D REVENDO O METABOLISMO E AS POSSÍVEIS NOVAS FUNÇÕES PARA CÃES E GATOS

31 janeiro de 2022

PROF. DR. FABIO ALVES TEIXEIRA

• Médico-veterinário pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de Paulo (FMVZ-USP)
• Residência em Nutrição e Nutrição Clínica de Cães e Gatos pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FCAV-UNESP Jaboticabal)
• Mestre e doutor em Ciências, com ênfase em Clínica Veterinária pelo Programa de Pós-graduação em Clínica Veterinária da FMVZ-USP
• Membro do Comitê Pet do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA) e membro fundador da Sociedade Brasileira de Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos (SBNutriPet) do CBNA
• Coordenador do curso de Pós-graduação em Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos da Associação Nacional dos Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa-SP)
• Docente do curso de Graduação da Faculdade Anclivepa e responsável pelos projetos de extensão da instituição

 

Nos últimos anos, a vitamina D tem recebido mais atenção na medicina humana devido à descoberta de que ela não se limita apenas à homeostasia de cálcio1,2. Para entender todo esse contexto, é importante relembrar os efeitos clássicos da vitamina D, seu metabolismo em cães e gatos e observar as novas evidências relacionadas a essas espécies. Quando se fala em vitamina D, imediatamente há a vinculação
com a exposição solar. Em muitas espécies, há a biossíntese endógena da vitamina D, por meio da ação da luz ultravioleta. Entretanto, especificamente para cães e gatos3,4, essa via de síntese endógena de vitamina D parece não ser efetiva. Estudos realizados com as duas espécies mostram que, quando as células da pele de cães e gatos são expostas à luz ultravioleta, não há mudança significativa na concentração de colecalciferol (vitamina D3), enquanto, sob as mesmas condições, em ratos verifica-se
aumento de 40 vezes na concentração de vitamina D3 na pele4. Dessa forma, para as espécies canina e felina, considera-se que todo o início do metabolismo da vitamina D é dependente de sua ingestão2, ou seja, a vitamina D é considerada como nutriente essencial que deve ser fornecido
na dieta de cães e gatos diariamente5,6.

Nos alimentos pode haver dois tipos de vitamina D, chamados de ergocalciferol (vitamina D2, presente nos ingredientes de origem vegetal) e colecalciferol (vitamina D3, presente nos ingredientes de origem animal). Com o colecalciferol parece haver maior conversão da vitamina D em seus metabólitos mais ativos do que com o fornecimento da vitamina D2, principalmente em gatos7. Assim, na alimentação de cães e gatos normalmente é acrescentada a vitamina D3 sob a forma de vitamina purificada, visto que apenas ingredientes como carne bovina, fígado e derivados lácteos não seriam suficientes para seu adequado fornecimento8.


A vitamina D ingerida é absorvida no intestino delgado de maneira passiva e segue o caminho das gorduras dietéticas, até atingir o sangue8. Como ela possui baixa solubilidade aquosa, na circulação se mantém unida, sob alta afinidade, à proteína ligada à vitamina D (VDBP). Essa ligação permite proteção à vitamina D, para minimizar seu catabolismo, além de atuar na limitação de sua futura atividade, a qual só é realizada por sua porção livre, que corresponde a menos de 1% da vitamina D circulante8,9.


Enquanto não é destinada ao início de sua bioativação, a vitamina D pode ser mantida estocada, por exemplo, no tecido adiposo9. Para sua ativação, a vitamina D precisa passar por dois processos. Inicialmente o complexo vitamina D-VDBP transporta esse nutriente para o fígado, onde a enzima 25-hidroxilase gera a 25-hidroxivitamina D [25(OH)D], também chamada de calcidiol. O calcidiol volta a se ligar à VDBP e mantém tempo de meia-vida de aproximadamente 2 a 3 semanas. A 25(OH)D é a forma predominante de vitamina D circulante e sua mensuração é considerada como uma boa forma de avaliar o status endógeno desse nutriente9.


Para sua bioativação propriamente dita, o complexo 25(OH)D-VDBP segue para o rim. Na borda em escova das células do túbulo proximal dos néfrons, esse complexo é degradado e o calcidiol [25(OH)D], por meio da enzima 1-α-hidroxilase, é hidroxilada em 1,25-di-hidroxivitamina D [1,25(OH)2D3], mais conhecida como calcitriol. O calcitriol possui alta afinidade e elevada capacidade de ativação do receptor de vitamina D e, comparativamente ao colecalciferol (vitamina D3) e a outros metabólitos da vitamina D, o calcitriol tem afinidade pelo receptor em torno de 500 a 1.000 vezes maior2,10.

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