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ENTENDENDO O PORQUÊ SUPLEMENTAR CITRATO DE POTÁSSIO

31 janeiro de 2022

PROF. DR. FABIO ALVES TEIXEIRA

Médico-veterinário pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP).
• Residência em Nutrição e Nutrição Clínica de Cães e Gatos pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FCAV-UNESP Jaboticabal).
• Mestre e doutor em Ciências, com ênfase em Clínica Veterinária pelo Programa de Pós-graduação em Clínica Veterinária da FMVZ-USP.
• Membro do Comitê Pet do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA) e membro fundador da Sociedade Brasileira de Nutrição e Nutrologia de
Cães e Gatos do CBNA (SBNutriPet).
• Coordenador do curso de pós-graduação em Nutrição e Nutrologia da Anclivepa-SP.
• Docente do curso de graduação da Faculdade Anclivepa.
• Membro fundador da NutricareVet.
• Colaborador do Serviço de Nutrologia Veterinária do HOVET/FMVZ/ USP e Pós doutorando FMVZ/USP.

 

O potássio é um elemento químico que no organismo é entendido como um eletrólito, ou seja, em solução gera íons. Ele é o mineral mais abundante no meio intracelular e o terceiro em maior quantidade no organismo1. No meio extracelular (sangue), a concentração de potássio é de aproximadamente 4 mEq/l, enquanto no meio intracelular fica em torno de 140 mEq/l2. Do total de potássio orgânico, 95% está dentro das células, com cerca de 60% a 75% desse valor presente nos músculos, o que denota a importante relação desse elemento com a musculatura, inclusive ao permitir que ocorra a função
normal de contração muscular2.

Esse mineral apresenta diversas funções orgânicas, já que participa do balanço ácido-base, do impulso
nervoso e da manutenção do balanço osmótico, permite a contratação muscular e serve como cofator
de complexos enzimáticos, como os de transferência e utilização da energia, síntese proteica e de ácidos
nucleicos, além do metabolismo dos carboidratos1. Por sua vez, o citrato (C6H5O73−) é um produto do
metabolismo, mais especificamente do ciclo do ácidocítrico (ciclo de Krebs), excretado na urina. Ele apresenta alta absorção intestinal, quando fornecido por via oral3, e possui ação alcalinizante, aumentando pH da urina e atua como quelante de cálcio urinário3,4.


Dessa forma, a suplementação da dupla citrato de potássio pode ser recomendada no intuito de corrigir
a falta do nutriente essencial potássio ou de utilizá-la como fator terapêutico em algumas situações clínicas,como em casos de acidose e urolitíases.

1. Homeostase do potássio – Para entender o motivo da suplementação, é importante compreender
como se dá o controle dos níveis de potássio no organismo e quais alterações estão ocorrendo no
momento das diferentes situações clínicas. Por apresentar diversas funções orgânicas, manter a
homeostase do potássio é fundamental. Por ser um elemento químico em si, o potássio não é sintetizado
pelo corpo, logo sua homeostase começa por aquilo que é ingerido. Apesar de a absorção do potássio ocorrer de maneira relativamente simples, principalmente no estômago e no intestino delgado, por meio de difusão simples, não há locais de reservas desse mineral no corpo, o que torna necessária a ingestão diária desse nutriente1,2.

Visto a sua importância, ausência de síntese e estoque, o potássio está na lista dos micronutrientes essenciais, ou seja, deve ser fornecido diariamente na dieta de cães e gatos5,6. Dentre os minerais, ele é classificado como um macroelemento essencial, por estar entre aqueles elementos químicos que devem constar em quantidades mais altas na alimentação, junto com cálcio, fósforo, sódio, cloro, magnésio e enxofre.O National Research Council (NRC)7 recomenda que seja fornecido diariamente 1 g de potássio para cada 1.000 kcal de energia matebolizável (EM) que o cão adulto ingere ou 140 mg de potássio para cada quilograma de peso metabólico (para cães o peso elevado ao expoente 0,75). Já para gatos adultos, esses valores são,respectivamente, 1,3 g por 1.000 kcal ou 130 mg/kg0,67.


Assim, a primeira etapa para que o animal mantenha concentrações adequadas dos nutrientes é ter uma
dieta completa e balanceada. Entretanto, quando há ingestão insuficiente ou excessiva dos nutrientes, o
corpo dos animais aciona mecanismos homeostáticos que tentam manter as concentrações dos nutrientes em seus locais ativos dentro de limites fisiológicos estreitos, na tentativa de preservar a adequada funcionalidade do organismo1. Depois daquilo que é ingerido, o controle da concentração de potássio se dá por meio da excreção. Apenas uma pequena porção, de 5% a 10%, do potássio
pode ser excretada no próprio intestino. O restante é controlado pelos rins: após a filtração glomerular,
em torno de 70% do potássio é reabsorvido na porção inicial do néfron (túbulo proximal), de 10% a 20% na alça de Henle ascendente e de 10% a 20% na porção distal do néfron. Logo, o rim tem papel primordial para a manutenção da adequada calemia2. Alguns hormônios também atuam no controle da calemia. A insulina e algumas catecolaminas, como a adrenalina, agem de modo a aumentar a atividade
das bombas de sódio e potássio (Na+/K+-ATPase), o que causa maior transporte de potássio para o meio
intracelular, principalmente no tecido hepático e muscular8. Outro hormônio importante para o controle
da concentração sanguínea do potássio é a aldosterona. Esse mineralocorticoide é produzido pelas glândulas adrenais e atua de modo a elevar a excreção renal de potássio, além de aumentar a concentração desse mineral na saliva e nas secreções colônicas9.


Apesar de os alimentos de qualidade suprirem as recomendações mínimas dos nutrientes essenciais,
inclusive de potássio, e os sistemas renal e endócrino tentarem manter o equilíbrio, em algumas situações a homeostase pode ser quebrada. No caso do potássio, há na rotina clínica situações comuns de hipocalemia que devem ser tratadas com a reposição desse importante
mineral.

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